sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Desconstruindo Sonhos e Mitos

Normalmente estamos acostumados a pensar apenas em erigir, edificar, construir e a palavra desconstruir soa quase que como um palavrão, algo meio sem sentido, mas isso acontece com muita frequência no nosso dia a dia e é disso que vamos falar hoje.
A desconstrução de que estamos falando aqui, se relaciona a uma pessoa que acabou de passar pela nossa vida, e que deixou uma marca, uma marca muito profunda, marca essa muitas vezes extremamente dolorida e difícil de cicatrizar.
Relacionamento em sí já é uma coisa muito complicada até porque, envolve duas pessoas com personalidades diferentes, culturas diferentes, anseios diferentes e casar tudo isso realmente é uma tarefa muito difícil.
Normalmente quando conhecemos uma pessoa, ela vem subdivida em duas. Pode parecer contraditório fazer uma afirmação dessas mas é exatamente assim que acontece. A primeira pessoa, é a que existe de verdade e a segunda, é a que se nos apresenta, ou seja, é a imagem que ela nos vende. O resultado é que é pela mistura dessas duas imagens que nos apaixonamos. Ao final de tudo, se a pessoa pela qual nos apaixonamos, for bastante parecido com o somatório de tudo aquilo que construímos em termos de expectativa, descartar esse amor não será uma tarefa assim tão complicada. Normalmente ficam-se as lembranças dos bons momentos vividos, a saudade o ocasionalmente, pode sobrar algum tipo de mágoa por brigas rotineiras ou alguma palavra mais ácida mas se por uma ou outra razão, você descobre que aquela pessoa que você idealizou ou imaginava que fosse real, na realidade não passava de uma ilusão de ótica, algo como pensar que o céu é azul, aí fica muito complicado se desfazer dela. Explico o céu azul.
Ao contrário do que o que a maioria das pessoas pensam, o céu não é azul e sim negro, muito negro. O que acontece na prática, é que os raios solarem ao penetrarem na camada atmosférica, acabam criando uma ilusão de ótica dando-nos a falsa sensação de um azul maravilhoso mas quando temos a oportunidade de ver o céu cru, como ele é de verdade, sem a interferência das camadas de gases que compõem a atmosfera, constatamos que ele não tem nada de azul, é negro mesmo, e assim se comportam muitas pessoas.
Quando elas querem nos conquistar, simplesmente criam um estereótipo de si mesmas e que normalmente não correspondem à realidade, não passam de um engodo e é aí que mora o perigo, quando nos apaixonamos por essa farsa.
É claro que ninguém se aproxima de ninguém e vai logo dizendo, olha, eu sou um mau caráter, sou agressivo com minha mãe, meu parceiro (a) me deixou porque eu o(a) agredi ou tenho o hábito de peidar em público ou coisa parecida, é claro que isso não acontece. Esse não é o momento de mostrar as garras e sim, apenas de fazer charme. Normalmente a pessoa se aproxima com cara de anjo, pelo menos até o relacionamento engrenar para só então, começar a se revelar.
É no convívio do dia a dia que conhecemos as pessoas e às vezes, vivemos anos com elas e não as conhecemos de verdade mas o tempo, ah o tempo, se encarrega de mostrar com quem realmente estamos lidando e com o seu transcorrer, começam a aparecer os primeiros deslizes. Um escorregão aqui, uma mentirinha ali, vão retirando lentamente a máscara do farsante, sim porque pode se enganar uma pessoa por um tempo mas não se pode enganar todo mundo o tempo inteiro.
Nas reuniões de amigos, nos churrascos de fim de semana, começam a aparecer a verdadeira identidade do falsário mas até aí continuamos cegos pela paixão, o problema é quando essa relação acaba. Nesta situação é que descobrimos que temos duas pessoas dentro da gente e desconstruí-la é uma tarefa muito árdua.
Descobrir que se está apaixonado pelo Coringa e não Batman ou, no caso dos homens, viver um romance tórrido com Catherine Tramell (Sharon Stone), exatamente como no filme Instinto Selvagem, onde de repente você descobre que seu amor não passa de uma assassina fria e calculista, extremamente sedutora e altamente diabólica, é um verdadeiro filme de terror e quando você se vê no meio desse tsunami, pra se livrar dele, é um verdadeiro tormento e como já seria de se esperar, dá um nó horroroso na cabeça (e no coração também), e o que é pior, qual dos dois personagens você vai ter de desconstruir?
Se pegar apaixonado por uma farsa no final de um relacionamento é um verdadeiro pesadelo e desconstruir essa pessoa de dentro de você é pior ainda. É um verdadeiro exercício de retórica que exige muito de você, principalmente ter que admitir que você foi seduzido, ludibriado, enganado por uma figura mítica que na realidade nunca existiu. Na prática isso significa você ter a exata noção de que você dedicou uma parte da sua vida, dinheiro, amor intenso, fidelidade, emoção, por algo que não passou de um teatro. Tenho que admitir que é realmente muito difícil você descobrir no final, que a pessoa que você amou de forma tão sublime, tão avassaladora, não tem nada de especial. É horroroso descobrir que você colocou no pedestal e cultuou quase que como um (a) deus(a) aquela imagem quase angelical, que no fim era apenas um engano e se livrar disso não é tarefa fácil mas também não é impossível. O primeiro passo será se colocar novamente em primeiro plano na sua vida, depois coloque seus planos, aquelas pessoas que realmente te amam. Se cerque delas. Priorize sua carreira e o resto o tempo se encarrega dele.
Caminhando ontem na praia (onde comecei a pensar em escrever esse artigo), acabei cunhando acidentalmente uma frase que pode muito bem servir de combustível para você se livrar da dor de cabeça que acabei de abordar.
Use sua inteligência em prol de sua vida e dos seus projetos. Não gaste seu tempo e suas energias com quem não vale à pena, e muito menos pra quem você não tem o menor valor. Essas pessoas apenas fazem parte da multidão que amanhã irá aplaudir o seu sucesso.
Bom fim de semana e até a próxima
Rubens

Um comentário:

  1. Bravo!! Realmente esse artigo é fantástico.
    Acho que vai de encontro a necessidade de muitos na realidade do nosso tempo.

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