quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Comentário do dia - Guerra no Rio contra o Tráfico - parte II

Após anos de um estado de verdadeira inanição e porque não dizer complacência (além de muita corrupção é claro), finalmente o Rio de Janeiro, representado pelo poder oficial, decidiu dar um basta naquilo que era um verdadeiro horror para a população de uma das cidades mais lindas e amadas do mundo, o estado paralelo representado pelo crime (des)organizado.
Tenho acompanhado atentamente o desenrolar dos fatos no Rio e tenho algumas observações a fazer. A primeira delas se refere à arrogância com que aqueles marginais tratavam a população como um todo.
Portando armas de grosso calibre compradas graças às benesses dos doentes da dependência química e da corrupção, além da beneficiência de um estado inoperante, eles se arvoravam ao direito de ditar as leis em suas comunidades, com direito a voto de minerva e decidindo quem deveria viver ou morrer, um absurdo sem paralelos na história da sociedade moderna.
Sem o apoio do estado, à população dessas comunidades, não restou outra alternativa senão passar anos à mercê de um bando de fascínoras sem escrúpulos, e que muitas vezes se passavam por benfeitores distribuindo remédios e cestas básicas - além de outras esmolas do gênero - aos mais famigerados, enquanto alistava em suas fileiras, os desesperançosos de uma vida melhor e mais digna. Na prática, essa presença só foi possível, graças à ausência de um estado eficiente e provedor, provedor de boas escolas (a real necessidade da dignidade humana), hospitais ou centros de saúde, seja lá o que for, dentre outras necessidades básicas de uma sociedade normal. Foi nesse vácuo que entrou esse estado paralelo que tantos danos trouxe aos menos favorecidos.
Mas agora a situação parece estar retornando aos trilhos, ao lugar de onde nunca deveria ter saído.
O que se viu nos últimos dias foi um fato curioso. O embate no complexo do alemão me fez lembrar da famigerada primeira guerra do Iraque quando Saddam Husseim resolvou que iria retomar o (seu) território
do Kwait. Na época, o encarregado da estratégia de guerra para expulsar o invasor foi o general Norman Schwarzkopf. Norman elaborou um plano de ataque tão eficiente e devastador, que o que se viu em seguida foi um bando de famintos e maltrapilhos no meio do deserto trocando um copo de água pela rendição.
No Rio de Janeiro não foi muito diferente. Os homens do crime (des)organizado, achavam que tendo um bom arsenal com armas de última geração, fosse o suficiente para medir forças contra o aparelho do estado mas o que se viu, foi uma fuga humilhante, coisa até bem pouco tempo atrás impensável.
As imagens daqueles idiotas correndo desesperados morro acima, teria sido trágico se não fosse cômico. As imagens seguintes mostraram um bando de descalços que mais pareciam maltrapilhos esfarrapados, chegando ao complexo do alemão para se juntar ao resto do bando na tentativa desesperada de manter seu território. Ali mais uma vez se mostrou o improvável porque a propalada resistência e o esperado banho de sangue, saiu literalmente pelo esgoto.
O fato límpido e claro foi muito simples. Com uma estratégia muito bem orquestrada e melhor ainda executada, onde da central de comando, os soldados recebiam ordens de cada passo que iriam dar, apoiados por uma logística que incluiam tanques, helicópteros e homens bem treinados para a guerra, o que se seguiu foi uma derrota acachapante e humilhante, o que prova que não basta ter apenas armas.
Venceu a inteligência, a estratégia, a organização e a disposição. Mas melhor ainda, venceu a população, a sociedade e os menos favorecidos que agora livres desse pesado fardo que foram obrigados a carregar durante anos, podem voltar a ter uma vida livre. Agora daqui pra frente é enfiar cultura na cabeça daquele povo para que o próximo passo seja liberta-los das garras de um inimigo muito pior, a ignorância.
Até a próxima.

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